domingo, 3 de julho de 2011

"O QUE SE QUER"

“DAR” no sentido informal da palavra significa ceder, alocar ou presentear a alguém com alguma coisa; ou, ainda, em alguns casos, pode substituir uma ação mais subjetiva ou abstrata como, por exemplo, em elementos impalpáveis, como o próprio sentimento. No entanto, eu prefiro me bastar no tocante à doação como forma mais nobre e humana de dar.                                             
Muito se fala hoje, em todos os meios e mídias em doação como forma de benefícios sociais ou mesmo filantrópicos. Fazem-se doações para isso, para aquilo, para tal instituição ou campanha; até mesmo o Governo Federal se propôs, via “FOME ZERO”, a arregimentar doações de alimentos para serem revertidos em prol dos milhões e milhões de carentes e desnutridos do Brasil. Mas, em contrapartida ao sistema de benefícios sociais que vêm fazendo todas estas campanhas, surgem problemas mais urgentes, complexos e com soluções – por mais estranho que seja – mais simples! São coisas que podem ser feitas por cada um de nós, todos os dias e são totalmente independentes de ligações ou de qualquer outro meio que esteja sendo usado, hoje, por essa “mídia massifista e populesca”, cujo interesse, além o de promover altos índices de audiência, se oculta ao nosso conhecimento.
Não querendo ser totalmente radical, o meu ataque ferrenho, que fique claro, nada tem a ver com o fato de alimentar a quem está com fome ou agasalhar a quem sente frio, não é nada disso. Na realidade, o que me revolta é ter acordado hoje e percebido que o ser humano tem deixado, a cada dia, de ser um ser social, e, em todos os sentidos da palavra. Louvável a questão da solidariedade como um meio de beneficiamento social que é; porém, o que falta para que a sociedade (como um todo) comece a ceder, a alocar, a presentear, a DOAR a si mesma o que tem de melhor e mais esquecido, que é a sua capacidade de ser humana, no sentido mais restrito da palavra!
Sem saudosismos e sem falsas ideologias desta natureza, o que eu procuro como uma solução para essa “desassocialização” do homem não está somente no “bom dia, boa tarde, boa noite”, não está no “olá, como vai?” e, certamente, não está no nosso “modus vivendi”. O que eu quero é poder sair de casa e ver, ao meu redor, pessoas, gente que se interesse! Eu não quero que o  porteiro do meu prédio se dirija a mim educadamente porque faz parte de sua “doutrina profissional”, ou porque o quitandeiro, o açougueiro, o flanelinha – ou quem quer que seja ! – o faça por qualquer interesse que não seja o de me fazer sentir bem, o de me tratar como eu mereço como a pessoa que sou. Mas – diria você – como saber? Como diferenciar uma coisa da outra coisa? Talvez – respondo – de jeito nenhum. E aí, realmente, é onde está o “X” da questão! A partir do momento em que a sociedade tomar como usual a cordialidade como forma de solidariedade, aí sim, poderemos ser dignos de sermos chamados de seres sociais.
Não basta apenas essa coisa do cumprimentar. A problemática é muito mais ampla; deixar de rotular atitudes e personalidades; é não mais “classificar” as pessoas de acordo com sua aparência, o que sempre fazemos (mesmo que sem saber ou querer), pré-julgando-as; é deixar de lado tudo o que pensávamos saber até hoje em termos de solidariedade e refazer os nossos conceitos! Longe de mim ser “a dona da verdade”, mas, não seria mais fácil assim? Reaprender é a forma mais certa e eficaz de esquecer o que se aprendeu errado. Isso me lembra trechos do filme “UM DIA DE FÚRIA”, em que o protagonista, vivido por Michael Douglas, após um longo e difícil dia em que tudo de errado pôde lhe acontecer, é remetido à inúmeras reflexões e descobre que o mundo é totalmente errado, repleto de considerações que, em nada, nos faz melhor! A diferença é que, no filme, a maioria dos problemas da personagem, são resolvidos tendo por base o uso incontrolável da violência, o que, graças a Deus, não é o meu caso! Eu já gostaria que nem precisassem publicar uma só palavra deste meu artigo; e que, esta minha quase histérica defesa da solidariedade como forma real de aproximação entre os elementos deste “conjunto” chamado sociedade fosse apenas “chover no molhado”.
Infelizmente, não cabe a mim, como ser humano, simples e mortal, reformular o mundo; mas, dentro do possível, pelo menos como colaboradora deste órgão de imprensa, formador de opinião que é, me são facultadas as primazias de tentar levar, senão uma nova possibilidade de “no que pensar”, ao menos, mais um dos meus inúmeros pontos-de-vista.
E, lembre-se, leitor, não lhe custa tanto assim ser cordial com o seu próximo. Até porque, agindo assim, o quê, com certeza, você acabará recebendo como retorno será a cordialidade. Por isso, não vamos mais olhar aquele vizinho, aquele garoto do semáforo, aquele recepcionista, enfim, a ninguém, como se não fosse alguém que merecesse o mínimo de atenção ou cordialidade. Afinal, solidariedade é isso: é você, se preocupar em resolver os problemas alheios usando dos meios que lhe são possíveis para fazê-lo; e o que há em toda a face da Terra que seja mais digno que você doar ao próximo a sua cordialidade?
 Talvez, num futuro bem próximo, possamos ver resolvidos vários problemas sociais que o nosso país enfrenta empregando somente o uso da cordialidade como a mola-motriz da solidariedade que tanto apregoam (os). Afinal, o que é ser cordial? Consiste em não querermos ao próximo o que não quisermos a nós próprios. Em outras palavras, é amar ao próximo como a nós mesmos, e este ensinamento é muito mais eloqüente que qualquer argumento que já tenha sido usado em todos os tempos – principalmente tendo ele vindo de Quem veio: Jesus Cristo.
Falei?!?



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